Nanotecnologia: anos depois do boom, ela ainda é tudo isso?

Há alguns anos, a nanotecnologia era um dos temas mais quentes da ciência: cura para muitas doenças, composição de diversos materiais, solução para problemas e questões de medicina, biologia e engenharia. Só que a cobertura em massa sobre substâncias e produtos de proporções minúsculas diminuíram — e isso pode ter levado muita gente a acreditar que ela não deu certo ou não cumpriu todas as expectativas.

Por isso, fizemos abaixo um apanhado com alguns pontos atuais a respeito da nanotecnologia para traçar o panorama atual do assunto. Afinal, será que tudo não passou de uma expectativa exagerada? Ou será que estamos já na era da nanotecnologia e mal prestamos atenção?

Antes de passar para a explicação abaixo, talvez seja bom dar uma relembrada: o que é nanotecnologia?

O campo está se definindo

A revista TIME definiu bem o que acontece com a nanotecnologia hoje. Quando foi anunciada, ela gerou a criação de inúmeros laboratórios e fabricantes que prometiam de nanorrobôs a materiais com camadas microscópicas de algum material raro. Agora, várias delas mudaram de nome e não usam mais o termo — sendo que outras não entregaram resultados e até perderam investimentos.

O problema é a que a nanotecnologia não é uma indústria em si, mas sim um vasto campo pelo qual engenharia e ciência podem caminhar. Ela avançou tanto e em tantas direções que não conseguiu ser limitada: o uso expandido pode ter prejudicado alguns, mas foi benéfico para a humanidade.

Richard Feynman, considerado um dos pais da nanotecnologia. Por “culpa” dele é que estamos em uma fase tão positiva na área.

Falar hoje sobre tecnologia é expandir o leque de possibilidades em áreas como medicina e vestuário, o que torna a divulgação e o acompanhamento mais difícil — não há um grande porta-voz ou uma empresa que seja “a cara” do tema.

Ainda existem perigos

A revolução dos nanorrobôs que era pintada em teorias conspiracionistas perdeu forças, mas o campo ainda precisa de muitos estudos e cuidados antes de ser ainda mais explorado.

Como aponta a Royal Society of Chemistry, os efeitos a longo prazo na saúde humana e no meio-ambiente por conta da nanotecnologia ainda não são totalmente compreensíveis. O nível de toxicidade desses equipamentos não é medido de forma precisa e há poucas informações sobre qual seria o nível máximo aceitado de determinadas nanopartículas ou nanorrobôs que passeiem pelo corpo humano, mesmo que para fins medicinais.

Há ainda o perigo do uso da nanotecnologia para meios militares: ao mesmo tempo em que ela pode proporcionar coletes à prova de bala ultrarresistentes e submarinos minúsculos, o resultado também pode vir em forma de armas químicas ou bombas aprimoradas com nanocompostos.

O resultado pode demorar…

Outro fator que leva muita gente a acreditar que a nanotecnologia não está com a bola toda é a demora na aplicação dela para o consumidor. Quando uma rede social anuncia uma novidade, ela aparece quase instantaneamente para os usuários. Se um time de futebol contrata um novo jogador, ele passa a integrar o elenco e a jogar na hora. O uso da nanotecnologia é complexo, de caro desenvolvimento e exige anos de pesquisa. Por isso, promessas feitas por cientistas ou o surgimento de iniciativas (inclusive no Brasil!) podem levar um bom tempo até chegarem ao alcance popular.

Para você ter uma ideia, o termo nanotecnologia caiu entre 15% e 20% nas buscas do Google de 2005 para o ano passado, mas as diferentes aplicações simplesmente não param de surgir. Isso nos leva ao outro lado da moeda.

…Ou já usamos e nem sabemos

Você não ler ou ouvir falar sobre avanços em nanotecnologia não significa que ela deixou de existir ou de ser um tema “quente”. Como cita Alan Yiu, PhD em dispositivos de energia em nanoescalas, são diversas as aplicações atuais.

A nanotecnologia é usada na fabricação de semicondutores, como as arquiteturas de 14 nm para processadores. Ela está presente também em geração e armazenamento de energia, com materiais sendo cada vez mais desenvolvidos e estudados em nível molecular para abrigarem ou converterem energia de forma otimizada. Pesquisas médicas envolvem não só remédios, mas como moléculas interagem com outros materiais e processos.

“A nanotecnologia que usamos agora é certamente não tão ‘sexy’ quanto a que pensamos que seria, mas ela não é menos útil ou instrumental. A parte mais emocionante, entretanto, é que nós ainda estamos apenas arranhando a superfície do que é possível”, finaliza o cientista em um texto do Quora.

Fonte: https://www.tecmundo.com.br

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